A concorrência tem crescido de forma exponencial nas últimas décadas, levando as empresas a diversas medidas de aumento de produtividade e redução de custos. Esta combinação tem sido implementada de diversas formas, indo desde a transferência de unidades produtivas para países com baixo custo de mão de obra até à utilização de software de gestão industrial e outras ferramentas informatizadas para planear, controlar e aumentar o rendimento produtivo dos recursos humanos e materiais.
A utilização de sistemas informatizados para suporte às atividades produtivas começou com o surgimento de computadores de grande porte, os mainframes, criados na década de 40, sendo apenas incorporados nas empresas convencionais nas décadas de 50 e 60. Inicialmente ligados ao departamento financeiro, especialmente à contabilidade, foram depois sendo aplicados a outras áreas das empresas, nomeadamente a produção, inicialmente na análise de custos e inventário, depois ao planeamento e controlo.
O suporte à indústria tem evoluído e provocado o aparecimento de diversos tipos de sistemas, como Material Requirements Planning – MRP (Planeamento de Necessidades de Materiais), nos anos 60, que converte um plano de produção numa relação de quantidades de materiais necessários para sua execução, Manufacturing Resources Planning – MRP II (Planeamento de Recursos de Produção), nos anos 80, que amplia o leque de análise da ferramenta anterior, incorporando necessidades de recursos humanos, equipamentos, energia, recursos financeiros. Neste período estas soluções eram genericamente tratadas como CIM, do inglês Computer Integrated Manufacturing.
Como uma evolução do conceito de MRP II, surgem as soluções integradas Enterprise Resource Planning (Planeamento de Recursos Corporativos), que acabam por ser uma ferramenta de cunho eminentemente administrativo-financeiro, dando um pequeno suporte à produção, sobretudo através os módulos de logística e produção.
Como surgiu o MES – Manufacturing Execution System
Um dos mais recentes elementos deste conjunto são os MES – Manufacturing Execution System, que possibilitam o planeamento, controlo e acompanhamento em tempo real dos diversos processos e etapas produtivas, tanto em termos de quantidades físicas de matérias primas, produtos intermediários e acabados, como em termos de custos financeiros de qualquer natureza – pessoal, energia, matérias-primas, produtos intermediários, etc. Um MES executa todas as funções do MRP e do MRP II, ou seja, o MES faz uma ponte entre o planeamento e o control0 da produção através da obtenção on-line, diretamente de equipamentos como balanças, leitores de códigos de barras e outros, ou de forma manual, mas sempre em tempo real, das variáveis de produção.
A denominação MES foi criada pela empresa AMR Research em 1990 e em 1992 um grupo de desenvolvimento de software, consultores e integradores de soluções criou a Manufacturing Execution Systems Association – MESA, (atualmente Manufacturing Enterprise Solutions Association), que definiu um conjunto de onze funcionalidades que seriam obrigatórias para qualquer aplicação que se propusesse a obter esta classificação e que é conhecido como modelo MESA.
No ano 2000 a International Society of Automation elaborou a primeira parte da norma ANSI-ISA-95 e mais três até ao ano de 2010. Esta norma estabelece padrão de terminologias, atividades e funções, bem como a hierarquia destas funções, padronização entre as interfaces de um sistema MES.
Publicação escrita por Humberto Santos,